Dar voz aos emigrantes devia ser uma prioridade para Portugal

O Presidente do Conselho Económico e Social (CES), Luís Pais Antunes, destacou recentemente a sub-representação de diversos setores na sua instituição, entre os quais os imigrantes, ou seja, os cidadãos estrangeiros que residem e trabalham em Portugal. Este alerta pode ser importante, mas deixa de parte a enorme comunidade de portugueses espalhados pelo mundo.

Os nossos emigrantes, ou seja, os portugueses que vivem, estudam ou trabalham no estrangeiro, são ativos valiosos que fazem parte do nosso país e que, enquanto nação, deveríamos querer trazer de volta. Fora de Portugal, vivem mais de um milhão e meio de portugueses, jovens e profissionais qualificados que procuraram no exterior as oportunidades que não encontraram cá. Estes portugueses deveriam estar mais bem representados em todas as instituições nacionais, incluindo no CES.

Esta não é uma questão moral. Como é que é possível um órgão cuja principal função é promover o diálogo social e a concertação entre os vários parceiros sociais e económicos do país excluir cerca de 15% dos portugueses? É fundamental perceber porque é que os mais jovens e os mais habilitados não encontram em Portugal o futuro que desejam.

Por isso, não posso deixar de ficar desiludido com o comentário do Presidente do CES. É fundamental reconhecermos que Portugal só tem a ganhar com uma maior representação da diáspora. Precisamos de valorizar estes cidadãos, garantindo que têm uma voz ativa e respeitada na construção do futuro do nosso país.

Os nossos emigrantes não são portugueses de segunda. Merecem ser ouvidos e envolvidos nas decisões que moldam a nossa nação, merecem participar. Todos temos a ganhar com isso.

A integração dos emigrantes no debate nacional é uma questão estratégica. Ao trazer de volta as competências e experiências adquiridas pelos nossos compatriotas no estrangeiro. Ao garantir aos nossos emigrantes um “lugar à mesa”, estamos a construir um Portugal melhor e mais preparado para um futuro em que o nosso país consegue reter os seus jovens e os seus profissionais mais qualificados.

Fonte: Observador

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